sábado, 10 de maio de 2008

Da janela do meu quarto...

Da janela do meu quarto vejo-te sempre sair de casa…de vez em quando também me vês e acenas-me com um sorriso. Eu retribuo e sinto-me invadido por uma felicidade estonteante que me deixa contente o resto do dia, mas outras vezes não olhas sequer para trás…principalmente quando bates a porta com tanta força que se a casa não tivesse sido construída por ti, eu teria medo que ela caísse. Dessas vezes não fico feliz, fico triste, tão triste como se o mundo fosse acabar, como se um asteróide atingisse a terra, certeirinho ao meu coração.

Mas no outro dia aconteceu algo muito estranho… Saíste de casa e olhas-te para trás, eu estranhei, pois ainda ouvia a mãe lá em baixo a gritar. Era um daqueles dias que eu sabia que não me ias ver,ou sim. Dessa vez não me acenaste, olhaste-me com um olhar triste, entras-te no carro e foste-te embora. Eu percebi que algo de estranho se passava, conheço-te demasiado bem. Algo se passou dentro de mim, como se de uma premonição se tratasse, não me consegui conter e desatei a chorar lágrimas atrás de lágrimas. Não sabia bem porque chorava, mas precisava de o fazer… Mais tarde a mãe veio ao meu quarto e explicou-me como tu eras mau, que não gostavas de nós e que tinhas partido para não voltar. Eu não disse nada, mas sabia que não era verdade, eu sabia que tu nunca me irias abandonar até porque daí a dois dias tínhamos ficado de ir andar de bicicleta para o parque ao pé da casa da tia Amélia.

De guarda na minha janela, os dias foram passando e tu não voltaste…comecei a ficar preocupado, o que te terá acontecido? À mãe não podia perguntar nada, passava os dias a chorar com uma garrafa na mão e sempre que tentava falar com ela, respondia-me de maneira esquisita, que eu não conseguia perceber o que dizia ou gritava comigo. Perguntei por ti à avó, que também começou a chorar, mas lá me disse entre lágrimas, que havias de voltar. Aí fiquei contente.

Agora estou muito triste e preocupado. Já se passaram meses desde daquele dia, na semana passada a mãe teve um acidente estranho com uma tesoura, ainda não percebi porque precisava ela de uma tesoura no banho, mas mais uma vez, sempre que eu pergunto alguma coisa só me respondem com choro. A mãe teve de ficar no hospital por uns tempos, estou na casa da avó, espero que te lembres de me vir procurar aqui…e vem depressa que eu começo a pensar que algo de mau se passou contigo…

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